Identidades e Pseudônimos

30 dezembro, 2008

Jake Dust. The Son of Nothing. Por mais que seja nosso desejo, não são nossos nomes. São pseudônimos, apelidos, nomes de guerra, representações verbais. Em nosso caro ‘mundo digital’ não existem nomes da maneira que conhecemos: nossa identificação é o nosso endereço, o lugar para onde todas as mensagens (os pacotes) são encaminhados, e mesmo este pode ser ocultado com redes como a Freenet ou Tor.

Esta liberdade que nos é oferecida permite a existência dos sistemas de reputação na Web: Quando adotamos um novo pseudônimo, deixamos de ser tudo o que somos no mundo real em troca de um novo nascimento. Como não é necessário transmitir dados reais sobre você (altura, idade ou até sexo), a grande fonte de informação é o que você manda. Seja involuntariamente (como seu navegador enviando o nome de seu sistema operacional) ou voluntariamente (quando você conversa, publica fotos, textos etc), todas estas informações ajudam o receptor a montar um perfil de você.

Este perfil costuma ser associado fortemente a alguma coisa fixa que possa identificá-lo, como o pseudônimo. Por exemplo, quando leio SrBigode em algum lugar, sei automaticamente que é o meu velho companheiro, com seu estilo único e seus conhecimentos interessantes. Não há motivos para não acreditar que o mesmo aconteça quando algum de meus contatos descobrem que o texto é assinado pelo “Jake Dust” ou pelo “Slawter”.

Na Internet, ninguém sabe que você é um cachorro.

Na Internet, ninguém sabe que você é um cachorro.

A vantagem disto existir é a possibilidade de manter uma reputação online, ligada a uma certa personalidade, capaz de criar respeito e reconhecimento, capaz de adquirir uma vida própria, normalmente independente da realidade, como faziam até pouco tempo o Fake Steve Jobs e o Galrahn. Esta separação é o que torna interessante o tipo de pseudônimo utilizado pelos autores deste blog, uma distanciação light da vida real, mas longe de ser efetiva ou absoluta. A maior parte dos leitores habituais já sabe quem somos, e os que não sabem podem descobrir em questão de minutos, se prestarem atenção.

Quando mantemos uma reputação online, nem sempre desejamos conectá-la com nossas vidas pessoais ou com nossa família, pois pode ser uma reputação não muito apresentável pelos mais variados motivos possíveis, como por demonstrar vício em jogos ou detalhes pessoais não-públicos. Na vida real, este desejo é dificilmente satisfeito: quando você faz algo, não há como correr ou se esconder de maneira realmente efetiva. Sempre existe um modo de ligar suas ações a você, até porque a quantidade de rastros involuntários é incontrolavelmente maior.

Na Internet, isso não existe de facto. Quando desejamos trocar de identidade, simplesmente mudamos de nome e, de acordo com a paranóia, tomamos algumas medidas básicas de segurança. Uma pessoa pode representar inúmeros pseudônimos, assim como um nome pode ser uma comunidade inteira. A pessoa por trás do “Jake Dust” pode ser a mesma por trás do Slawter, e ao mesmo tempo colaborar com o Andrei para montar duas outras personalidades: Murilo e Binho.

Esta incerteza natural em relação as outras pessoas é uma das características mais marcantes da Internet, e também uma das mais belas. Em breve abordarei mais sobre as consequências disto na segurança e na privacidade.


Autores e análises

14 junho, 2008

Vamos a uma análise do estilo de escrita de cada colaborador, e como temos tantos vícios que nossas obras são facilmente reconhecidas.

Continue lendo »


Porque a internet é pervertida

9 setembro, 2007

Reclamar da Internet, todo mundo reclama. Ter razões verdadeiras para isso, nem todo mundo tem, mas – pasmem – eles existem.

Na verdade, a culpa não é da internet. Existem flogs miguxos? Sim. Pop-ups irritantes? Sim. Orkut? Sim. Spam (com bacon e ovos)? Sim (sem bacon e ovos também). Existem arquivos infectados que te fazem gastar grana com conserto ou o CD pirata do XP? Sim. Emos? Sim. Mais emos? Sim. Sites com músicas emo? Sim. Agora… de quem é a culpa de tudo isso?

Simples. Do usuário.

Computadores não podem ser bichos de sete cabeças. Eles são simples: clica aqui, digita ali. Pronto, acabou. Ou clica aqui, clica ali, digita e clica. A internet também é assim.

Mas, como com computadores há pessoas que não sabem salvar um arquivo .doc depois de 6 meses mexendo com o MSWord, há protozoários que, na Internet, não conseguem baixar um programa de um site a partir de um link direto, que não entendem que a Caixa Federal não sabe seu e-mail e não vai mandar uma mensagem dizendo “Parabéns, você ganhou R$6mi, entre no site http://www.caixa-federal.vai.la” e que pessoas não vão pedir para você, um mero mortal, ajudar-lhes a lavar US$4bi roubados de alguma estatal russa. Protozoário, aprenda a ler sites quaisquer, a usar o Google.

Lógico, salvas exceções, por exemplo, de pessoas que não nasceram na era digital ou que, quando ela chegou, já tinham passado demais da época de começar e aprender fluentemente com ela. Aí, as exceções são os que sabem mexer bem com o dragão PC, ou mesmo que sabem o que é um PC. Mas, honestamente, outro dia me vem uma amiga minha (15 anos) e me diz “Ahh, como eu faço para baixar nãoseioque?”. Era CLICAR EM UM BOTÃO E ESPERAR. Ponto. Me diz, como alguém não sabe fazer isso?

Mas há casos piores. Sempre tem aquele nó cego que diz “puts, e agora, como eu entro na internet?” e, quando entra, “E agora, o que eu faço? Que chato, isso.”. SEMPRE. Ou aquele cara que diz que internet dá vírus no PC. Ou o cara que diz que a internet é perigosa porque o Zé, aquele três por três, caminhoneiro, vai entrar numa sala de bate-papo e conseguir te convencer que ele é a Gatinha_2000 e que quer te conhecer, que o MSN é mal e viciante (eu não sou bom para falar disso, eu sei) e que blogs são pedofilia pura e satânica.

Pessoas, acordem, a culpa é de vocês. Se uma garota de 15 anos não sabe baixar arquivos é por causa de um pai internetófobo que acha que a internet automaticamente põe vírus no seu PC. Se temos várias boas iniciativas estragadas e arruinadas, é culpa dos usuários delas. Acordem, pessoas, a culpa é o ser humano: nem todos estão preparados e aptos para conhecer algo como a internet ou saber lidar com ela. Pessoas com QI abaixo de 2 (o que exclui apenas 2% da população mundial) não merecem a Internet, então, por favor: não a usem, mas não irritem a quem a merece, usa e conhece com afirmações como “a internet vicia e é malvada. Pornografia por todos os lados! Cuidado para não cair em nenhuma furada em bate-papos!” ou afins.

 

P.S.: Alguém ainda usa bate-papo?